Sexta-feira, 2 de Fevereiro de 2007

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A esperança que Portalegre não abdique de silenciar os contundentes!

 

A valorização fundamentada é tão pertinente e produtiva quanto a crítica construtiva. Muito embora o hábito tende a ser a reprovação, a verdade é que quando a crítica é fluida e o elogio inusitado, a condenação facilidade e o enaltecimento dificuldade é sinal que a incongruência impera. O reconhecimento é imperioso quando oportuno e tangível, assim como a censura quando visível! Julgarmos que só a repreensão é adjuvante à evolução é partirmos de uma premissa de todo errónea: que só aspiramos a mudança e subsequente incremento quando confrontados com o desagrado alheio. É por esta razão que não me canso de evidenciar os aspectos mais frívolos da minha cidade, mas não ostracizo todos os antagónicos e portanto valorizáveis.

A crítica é um traço imputável  às minhas dissertações, consinto. Todavia não é de forma alguma sinal que proscreva ou ignore tudo o que se insurge como positivo. Não obstante à multiplicidade de lacunas por colmatar, é uma realidade indubitável que Portalegre não pertence mais ao pântano dos defeitos infindáveis.

Não é difícil encontrar situações onde o que assevero seja constatável, se em lugar de olharmos passarmos a reparar. A fronteira que se levanta entre nós e o que nos rodeia torna-se inexpugnável quando assumimos uma posição passiva com o que muda e prescindiu da estagnação. É premente atingir as consequências benignas e perniciosas de todas as alterações que a cidade tem padecido. Este comportamento devia ser, hábito, sobretudo dos Portalegrenses, que desde que ouço verifico, preferem o comodismo da condenação ao incómodo da critica complementada com a sugestão.

Portalegre cresce e ousa alargar as suas fronteiras  territoriais, sociais e culturais.

A expansão urbanística é um corolário dessa audácia de ser maior. Reformam-se antigos bairros degradados e inóspitos. Constroem-se novos prédios e moradias. Recuperam-se lugarejos abandonados e subestimados porque decadentes. É como se a cidade espelha-se a condição humana, obedecendo às fases que marcam qualquer vida. Parece estar num daqueles períodos cruciais da Existência, em que a mudança física é sintomática de uma fulcral mudança interior. Depois da fase imberbe está a entrar na maturidade, que devia ser, corolário da idade adulta. Deixou de estar presa às certezas, tão inseguras como inimigas, da adolescência e percebeu que sem  uma mudança drástica e significativa seria no futuro o antro do isolamento. 

O crescimento urbanístico não se circunscreve à melhoria das infra-estruturas orgânicas e residenciais como ainda pressupõe alterações nas conjunturas populacionais. Se proliferam os espaços habitacionais  é certamente porque existe ou existirá quem os ocupe. Se mais gente aspira fixar-se e construir a sua vida em Portalegre é indício que a cidade não é mais a preterida. O s portalegrenses de espécie em extinção, porque começavam a ser vítimas de um envelhecimento precoce e ameaçador, são agora os alvos de um rejuvenescimento causado pelo retorno, vinda ou fixação do “sangue-novo”. Os que já foram voltam os que nunca foram ficam, e os que jamais foram passam a ser de Portalegre.

No aspecto social, entre uma panóplia diversificada, não posso deixar de conferir protagonismo ao facto da cidade procurar integrar quem muitas vezes é vítima de uma exclusão ominosa. Sinto-me verdadeiramente orgulhoso quando constato que existem estabelecimentos em Portalegre cujos funcionários têm alguma deficiência física ou mental. é bom verificar que a limitação, seja ela de que índole for, não significa inépcia. A competência mais do que uma  consequência da sageza, é o resultado da vontade e dedicação ilimitada. A cidade ascende ao patamar de arquétipo, quando expurga todos os dogmas associados à capacidade de cada um. Todos têm algum papel na sociedade, independentemente das adversidades. Quando isso não acontece é sinal que a comunidade em questão se abstém de aproveitar todos os recursos ou o próprio se coíbe de contribuir. Portalegre, mesmo falhando em muitas frentes, erradica qualquer desilusão porque em aspectos basilares e reveladores de humanismo procura ser correcta.

A cultura é outro indicativo de um desejo de não ficar imune ao vanguardismo das Artes. O Festival de Jazz foi o profeta da apologia à sapiência, daí em diante a raridade é o dia sem promoção a um bom espectáculo. Portalegre com  o Centro de Artes e Espectáculos exortou ao vício de procurar a plenitude que a Arte proporciona. A diversidade do género de eventos assim como a multiplicidade de temas e tipos são aspectos que só agudizam esta melhoria indelével. Revela a preocupação em erradicar o elitismo e oferecer oportunidade à maioria atendendo às minorias de que está recheada.

O elogio não pode, contudo, cair na demagogia vácua, porque, como a critica incessante, é obstáculo ao desenvolvimento.

Não basta construir e propiciar as condições físicas para albergarmos mais alguém quando não consideramos, por exemplo, nível económico da população e concludentemente se podem ou não ocupar os respectivos espaços.

Não é suficiente promover a cultura quando sustentada no protagonismo de uma Arte – a música – em detrimento de outras igualmente fantásticas e magnificentes – como o teatro ou o cinema. Mencionando um dos defeitos imputável aos responsáveis pela organização cultural é, por exemplo, as sessões de cinema deveras exíguas.

A cidade hoje não é mais a de outrora, mas a de agora não pode ambicionar ser a de amanhã! É primordial não abdicar de aspirar ser sempre melhor!


publicado por portalegreeomundo às 19:51
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