O medo é o substracto da insegurança e a última o motivo para a letargia. O receio fomenta o afastamento da conjuntura que nos imputa a sensação de sermos anódinos, porque como comuns humanos temos uma incomensurável dificuldade em lidar com o que, ainda que temporariamente, nos faz sentir menores. Ostracizamos, contudo, que é quando aceitamos, mesmo que por momentos, ser pequenos nos tornamos maiores!
É irrefragável que a vida deve ser deleitosa e maioritariamente susceptível de regozijo e ledo. Todavia, é concomitantemente iniludível que não há refulgência sem crepúsculo. O sacrifício não é perene e deve ser inusitado, mas o esforço, o ímpeto, a procura e a luta são imperórios e contíguos à felicidade. E só aqueles que conheceram a escuridão logram desfrutar a plenitude do reverberado.
Desconheço se é tendência remota, característica intrínseca, defeito endémico ou simplesmente displicência, a verdade é que actualmente a frustração, a desilusão, a depressão e a insatisfação tornaram-se sentimentos típicos. E isto porque desistimos de pensar, ou melhor, reflectir. Invertemos o processo, em lugar de procurarmos as causas, transitamos imediatamente para identificação dos réprobos. Como essa culpa é, quase sempre, limítrofe à fronteira da nossa conduta depressa insistimos na proscrição, porque os erros são das poucas garantias para a vida e é desgastante a convalescença recorrente. Considero o estado de “HOJE” o mais ignóbil, é o neutro. Nem triste, nem contente, onde o “cá se vai andando” é elucidativo do estoicismo relativamente ao que era suposto a vida provocar naqueles que são a sua personificação.
É primordial termos a humildade de considerarmos estar errados, a fatuidade de sermos capazes, a capacidade de nos sentirmos débeis e descontentes, a naturalidade de encararmos a infelecidade um estado anímico como tantos outros e portanto efémero. Se hoje é difícil ser feliz é tão somente porque a proporcionalidade entre ambição e luta é inversa. Almejamos sem limite, mas para a concretização somos tetraplégicos.
A capacidade de coabitar com a derrota é uma virtude sempre que, em conúbio com essa, existir a consciência que o que nos transcende é irrisório. É a incapacidade de conviver com a derrota, com a admoestação e a falha que nos compele a escolher a alternativa aparentemente mais fácil e célere. Portugal está estagnado porque os Governos precedentes foram incautos; a democracia não alcança o seu objectivo fulcral: o consenso, porque a oposição culpa o partido líder e o último é surdo às suas propostas; os alunos não passam porque os professores dificultam; os professores não vingam porque os alunos são insuportáveis; a economia é outro sintoma do marasmo porque os portugueses são indolentes; a população não é afanosa porque não é monetariamente compensada de forma satisfatória; a Humanidade não aplica o que é alvitrado para minimizar o flagelo ambiental porque é inevitável; a referida calamidade é inelutável porque o homem a considera uma aporia. Isoladamente não somos felizes porque não temos o emprego que aspiramos, estamos sozinhos ou mal casados, vivemos onde não queremos, somos indigentes porque a materialidade nunca é demais, no entanto indago: procuramos um outro emprego e se tal for realmente impossível, dedicamo-nos o suficiente ao que temos tentando ser altamente profissionais ao ponto do que se tornou trivial voltar a ser um desafio? Respeitamos o tempo do tempo ou sucumbimos a quem está caucionado mesmo que essa pessoa não nos transporte para a poltrona do inefável? Em lugar de ver a união definitiva a alguém como um condicionante à liberdade, tentamos recuperar o principal alicerce de qualquer relação? Atribuímos e valorizamos o que temos tantas vezes quantas as que nos lamentamos o que não temos? Perguntas retóricas porque as respostas ficam connosco.
A perfeição não é a meta porque urge a aprendizagem. O “impossível”, o “nunca” é o que nos conduz ao precipício. A ponte existe, as vertigens podem ser insuportáveis mas do outro lado a estrada continua....
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