Desde que os meus interesses abarcam a política que assisto a um fenómeno lamentável. A forma de estar e coabitar da oposição com quem governa é sempre igual. A situação é preocupante quando a oposição não é sempre composta pelos mesmos partidos, assim como os governos, e por isso as políticas praticadas também diferem.
Sei que é crítica comum, esta da inércia da oposição, mas mesmo assim não deixa de me incomodar, especialmente quando acho que o futuro não depende somente de quem foi eleito, mas também de quem foi preterido. Principalmente porque, senão sempre, muitas vezes, os motivos que levam à votação nuns são a desilusão e o fracasso com os outros. Mesmo sendo a previsibilidade e a distracção características inatas aos portugueses, não se subestime a sua inteligência. É um facto que depois de uma política ignóbil de direita, vem sempre uma vitória (e, Às vezes, uma maioria absoluta) de esquerda, mas isto não quer dizer que os portugueses não reclamem por uma política mais profunda e por uma mudança tanto de quem governa, como de quem fiscaliza.
Sem querer ser injusta, parece-me que alguns deputados entendem por oposição uns quantos discursos eloquentes, com palavras inauditas elaborados, sempre, com base na condenação. Levam o seu papel de forma tão rigorosa que limitam o seu comportamento ao sentido mais restricto da palavra que os define: oposição. Aquilo que fazem esgota-se na crítica constante, iníqua, por vezes, assumindo o papel do juíz que só conhece a sentença.
Democracia é muito mais do que querelas políticas ou fricções partidárias. E, por isso, o que se espera de quem está na Assembleia não é o que fazem agora. Porque assim como os portugueses, e talvez por também o serem, os políticos são previsíveis. O que digo dirige-se, sobretudo ao PS e PSD, porque há décadas que outros não ocupam lugares de governação ou presidência. Enquanto estão no Governo esperam compreensão, apoio, ideias e calma. Esperança, tolerância... entre muitas outras coisas que permitam a concretização do que pretendem ou a desculpa do que esqueceram. Quando estes, que antes governavam, passam a ser a oposição mudam radicalmente, corporizando tudo o que antes não suportavam. Nada é de louvar ou apoiar. Tudo são mentiras que pretendem ludibriar o eleitorado. Os resultados são meras ilusões que tentam levantar o astral dos portugueses, há tanto desiludidos. Assim se faz política em Portugal. Mantém-se a postura arrogante e se esquece-se que o erro é inerente e criticável quando o sucesso é reconhecido.
Concluindo, a oposição deve realmente controlar, fiscalizar, supervisionar o Governo; deve defender os interesses da população, como seus representantes mais directos na Assembleia, chamando a atenção do Governo. Contudo, a sua competência não se deve cingir a um desempenho tão superficial e isenta de obrigações no presente, por não ocupar lugares de execução. Além da competência legislativa, de moções de censura, deviam ter um papel mais activo. A Assembleia não é um campo de batalha, onde uma e outra parte assumem os respectivos papeis de defesa/ataque. Nas reuniões plenárias pretende-se que exista discussão, confronto de ideias, mas soluções. Afinal de contas e no fim de tudo, não querem todos o futuro de Portugal? Ou essas são apenas frases de campanha?
Jerónimo de Sousa representa os valores embalsemados de um partido obsoleto cujas ideias contrastam com um país ávido de desenvolvimento. Está para o seu partido como Bush para o seu país, a personalidade perfeita que pelo seu perfil se deduz quem o apoia. As análises dos politólogos dizem que conseguiu o que há muito outros líderes tentavam, uma aproximação e aliança com os seus militantes. Provavelmente, porque acredita no que defende ( o que não deixa de ser preocupante). Incorpora a facção que insiste em se fazer ouvir na Assembleia, mas porque estigmatizado por criticas ébrias de uma ideologia Marxista é ignorada. Obcecado com a defesa de uma classe e com a igualdade utópica dos estractos sociais, enleia-se numa teia de críticas sem fim e, pior, sem conteúdo. Mudam os governos e as acusações são as mesmas. Somos o resultado de um meio e de um tempo. Corremos o risco de parecermos antiquados quando não respeitamos, acompanhamos e interiorizamos a mudança.
Quanto ao CDS-PP a instabilidade interna gerada pelo choque de gerações, conduz o mesmo à imagem de um partido desacreditado pelos próprios apoiantes. A vontade de efectivizar as palavras de ordem que o caracterizam não se coadunam., por vezes, com o país que temos. As ideias vanguardistas inspiradas em países-modelo, apelando à plena liberalização e pura economia de mercado, fazem dele um partido de elites, ignorado pela maioria, que se julga esquecida. Para agravar a situação ramifica-se agora. Dividido pelos que apoiam Ribeiro e Castro, um líder que, apesar de, ausente é o melhor dos piores; e um jovem que querendo assumir funções de responsabilidade, mantém os defeitos irritantes de um miúdo mimado. O CDS-PP é um partido fechado numa gaveta, para abrir daqui a alguma décadas. Quando Portugal for um país desenvolvido, isto se entretanto tiver resolvido as crises existenciais de partido adolescente.
Por sua vez o BE. Quanto à sua composição é o oposto da CDU. Apoiado, maioritariamente, por jovens é visto como o partido que defende o que os restantes menosprezam. É um partido relativamente recente, mas atraente porque vêem nele a esperança e o refúgio para a desilusão com os grandes. Peca porque vive obcecado com a justiça e esquece a eficácia. Pontua porque insiste em quebrar a redoma de uma sociedade hipócrita. Na Assembleia tomam-no como mudo, mas não faz papel de surdo e levanta a sua voz...É o único cujos meios, ainda, não justificam os fins.
No que diz respeito ao PSD, mesmo tendo um líder associado à transição, consegue manter a coesão. As suas críticas são fundamentadas e, pior, provadas. No entanto obedecem ao ciclo vicioso que caracteriza a oposição, fecham-se na contestação cíclica, fazendo do aplauso uma exepção. Tomam o partido do governo como inimigo, alvo a desarmar, unicamente por fazer parte da ala oposta. Cai no ridículo quando é presenteado com medidas que fazem lembrar governos de outros tempos, mas de direita. Reclamam por reformas, insistem no cumprimento das promessas, exigem exactidão e perfeccionismo...e quando a acção governativa retarda ou aplica determinadas medidas com o intuito de garantir tais requesitos criticam, parecendo um partido irascível. E é esta condenação monótona que afasta os eleitores. Porque para aqueles cuja vida política se resume a notícias sintéticas e imagens parlamentares de segundos, pouco têm para balançar. E o que se retém, é a imagem de um PS e PSD em que a preocupação primária e prioritária é a vitória nas futuras eleições, e não um país no rumo certo.
Em conclusão e como nota final, é preciso lembrar os tão ocupados e escondidos nas suas certezas, que o papel de um partido é fundamental num país com círculos plurinominais. São eles a via mais fácil, acessível e rentável de participar na vida do país. É bom que não negligenciem, deteriorem e difamem, só, um Governo que, por condicionado por diversos factores, ainda procura a credibilidade!
De acordo com a ideologia Socrática o poder pode ser assumido de quatro formas, subjugadas à concentração do controle numa ou várias pessoas. Segundo a “República” de Platão, existe a monarquia, a autocracia, a oligarquia e a democracia. A monarquia é a forma de governo onde o poder político está concentrado num só homem, o Rei; a autocracia o poder político é, na mesma, exclusivo de uma só pessoa, contudo sem razões divinas ou hereditárias subjacentes e devido, somente, ao acto tirano de uma minoria; na oligarquia o destino de um Estado está nas mãos de uma elite, que como não poderia deixar de ser são as classes sociais com maior prosperidade económica; e, por fim, a democracia que é a forma de governo construída a partir de um escurtínio, onde o povo exerce o seu poder através da eleição, delegando o poder naqueles que considera serem os mais competentes. Tudo isto para dizer que Sócrates falhou. Apesar de toda a sua inteligência não teve a amplitude para apontar todas as formas possíveis. Provavelmente o erro não foi seu, foi mesmo da condicionante que é a época, porque mesmo Maquiavel, que viveu tempos mais tarde, não detectou e identificou todas as formas de ascender e desempenhar o poder.
No século XXI assistimos a uma forma bem complexa de governar e dirigir. Um género de democracia, com todos os meios a que a ela corresponde, alterando o fim. O povo é quem elege, votando democraticamente em quem entende, representando tal acto a passagem do poder ao grupo de políticos que reuniram mais votos. Mas é nesta parte que tudo muda. O poder não fica numa Assembleia, Governo ou Presidente da República, mas concentra-se no Estado, ao qual correspondem um conjunto de instituições, lobbies, grupos...
Fala-se muito de dietas: é o simplex, é a concentração dos serviços... mas a parece-me que no que diz respeito ao monopólio do arbítrio social o Estado só engorda.
Não desprezo, nem tão pouco esqueço as obrigações de um Estado para com o seu povo. Sem dúvida que uma das principais preocupações deve ser o bem-estar da colectividade. Contudo tal prioridade não implica que se caia numa atitude de excessivo controle de qualquer acto que afecte minimamente os outros.
À semelhança do que acontece na maioria dos países desenvolvidos, Portugal pretende instaurar medidas mais apertadas quanto ao consumo do tabaco e álcool. É a idade, são os locais, é a distância... As medidas são, aparentemente e exclusivamente, benéficas. Mas questiono-me: “ E o livre-arbítrio, a educação e formação que obriga o homem, como ser social, a respeitar autonomamente, o outro sem estar reprimido ou ameaçado por qualquer lei?” Se o objectivo, além do respeito pela saúde do próximo, é também a diminuição do consumo desses vícios, então existem outras medidas bem mais eficazes. Como sendo, e aproveitando a ideia de António Vitorino, o aumento do imposto sob o tabaco, mas de forma exorbitante. Prova do sucesso desta iniciativa é exemplo francês, onde o aumento de 50% do imposto sob o tabaco provocou uma descida substancial do consumo do mesmo. Quanto ao bem-estar social, e sem menorizar as doenças que advêm da inalação do fumo ou excesso de álcool, acho que o aquecimento global é bem mais preocupante. Que tal aplicar multas a quem não repara nos caixotes do lixo, como na Suíça, para evitar o incremento da poluição?
Vivemos uma altura em que o Estado, seja lá o que ou quem isso for, assume poderes absolutos, em que se imiscui e tenta controlar toda as áreas que devem pertencer à decisão e conduta do cidadão. Assuntos como a comida, os vícios, as rotinas...são essencialmente privados. Preocupação com o bem-estar é admissível quando não excede os limites. Pior que a tirania assumida, é exercer democracia de forma ditatorial!
Em altura de aniversário da Constituição de 1976, é oportuno abordar questão que tanta polémica tem suscitado: a lei da paridade. Esta medida que pretende a existência de quotas nos partidos políticos, obrigando os mesmos a terem nas suas listas um número mínimo de mulheres. Apesar de ainda não estar esclarecida sobre pontos como: 1) se o número de mulheres será proporcional ao de homens; 2) e se esta lei abrange lugares na Assembleia, membros do Governo e diferentes orgãos de soberania; já há matéria suficiente para que se forme uma opinião.
Primeiramente, é importante salientar os factos, que neste caso são os artigos da nossa Constituição. Mesmo sendo susceptíveis de diferentes interpretações, contêm princípios que não admitem discussão. O artigo 13º/ nº2, que estipula o princípio da igualdade (“Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça. língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual”); e o artigo 109º, que prevê a participação política dos cidadãos (“A participação activa e directa de homens e mulheres na vida política constitui condição e instrumento fundamental de consolidação do sistema democrático, devendo a lei promover a igualdade no exercício dos direitos cívicos e políticos e a não discriminação em função do sexo no acesso a cargos políticos”), consagram, acima de tudo, o que se designa por igualdade. Poder-se-á questionar o limite ou conteúdo dessa igualdade, mas nunca a sua necessidade num país desenvolvido e numa sociedade democrática. Não me perdendo pela ambiguidade das palavras e restringindo-me a esta lei da paridade, pertenço aos que a defendem.
Apesar de ser uma defensora acérrima de que a competência conduz ao prestígio e, por conseguinte, aos lugares, sou obrigada abrir exepção, quando constato que a injustiça é um obstáculo a este processo. Para aqueles que condenam a medida, fundamentando a sua crítica com o mérito, pergunto: “Seriam capazes de demonstrar que a ascensão a cargos políticos está directamente ligada com a competência ou mérito?”. Acho que a resposta é óbvia, e exemplos não faltam que ilustrem a conspurcação na política portuguesa.
Trata-se, apenas, de uma lei transitória, mas necessária, uma vez que não são criados meios para que a participação seja equitativa. É, de certa forma, expectável que o número de mulheres na política seja ínfimo quando são levantadas barreiras sociais e obstáculos interseiros. Os horários das reuniões, entre muitas ouras coisas, demonstram o desrespeito pelas mulheres que ainda estão sujeitas à mentalidade retrógada das nossas sociedades, e têm a seu cargo toda a faina familiar.
Reforço e repito que não sou apologista da criação de facilidades. Seria contraditório, quando procuramos uma igualdade absoluta, reclamarmos agora por discriminação positiva, mas por isso apoio esta lei. Para mim, a lei da paridade não confere facilidades às mulheres, apenas garante um princípio que a Constituição já consagra, e que ainda não surgiu por meios naturais a igualdade enter sexos.
Existirem, somente, duas mulheres no governo, e tão poucas nas Assembleias, Câmaras, Tribunais é vergonhoso. Subestima a qualidade e eficácia femininas. A lei fará mais sentido sempre que não for interpretada como um favor, mas como uma forma de não relegar as mulheres para lugares menores. A escolha deve ser, sem dúvida, com base no mérito, mas lembrando que essa é uma qualidade do homem e da mulher.
Realmente não há nada na vida e, por isso, na política que fuja às leis do destino. Na sequência do 11 de Setembro de 2001, o Presidente Bush declarou guerra ao terrorismo. Demonstrando que não é um homem de retórica ou que se fique pela ameaça, depressa começou a concretização do que seria o seu karma nos próximos anos. Invadiu o Iraque, pretendendo atingir um dos pólos do que agora é inimigo público, o terrorismo. As causas para a invasão foram: a existência de armas de destruição maciça; e a possibilidade de estas se tornarem a maior ameaça do Mundo Ocidental. Bush tentou fazer um favor ao mundo, e com o apoio de uns quantos Governos que temem a chantagem americana, derrubou o regime ditatorial de Saddam Hussein. Monopolizou as tropas de diversos países com objectivos de instaurar a paz e uma democracia num país onde impera a guerra civil. Mesmo sendo aliciante as imensas críticas que poderia tecer a propósito de tal assunto, não é para criticar esta posição que escrevo.
As minhas dúvidas agora são outras… mesmo tendo como protagonista o mesmo homem. É incrível como este Presidente Bush e o seu sonho de Imperialismo americano têm sempre tanto para criticar, que o que condenámos ontem passa a desactual hoje, por sucessivas falha. Chegou a altura para o Mr. Bush e os seus apoiantes demonstrarem a determinação da sua promessa de aniquilar o terrorismo e construir um Mundo melhor. O Irão é o meio.
Desde há alguns meses que Teerão afirma a vontade de investir em energia nuclear, iniciativa que despoltou, imediatamente, o pânico nos países ocidentais.
Tendo em conta que é um dos países do Médio Oriente que, ainda, obedece às leis do fundamentalismo, o atrito depressa surgiu. A ONU opoem-se, mas quem mais se revolta são os E.U.A. Toda esta situação demonstrou, mais uma vez e tristemente, de como o Mundo se rege de acordo com os interesses daqueles que, por factores económicos, o manipulam. A Rússia e a China afastam-se de qualquer pressão sobre o Irão, não apoiando as sanções que ONU pretende aplicar, para dissuadir este país do perigoso investimento, e tudo porque lucram com esta decisão do Irão. Os E.U.A apoiam toda a tentativa de ameaçar o Irão, porque temem o seu poder e potência que podem vir a tornar-se. Condenam a energia nuclear no Irão, mas apoiam a da Índia, que não assinou o tratado de não proliferação. A situação é preocupante quando os E.U.A reflectem sobre uma possível invasão ao Irão.
Vamos, penso eu, durante os próximos dias assistir: ou, a uma drástica e inconsequente, mas coerente, atitude dos E.U.A.; ou à maior de todas as contradições do Presidente Bush. Por um lado, não pode sair além fronteiras sempre que entenda e que assuma um possível vilão, insistindo na imagem de salvador da Humanidade. O Mundo já não se rege por guerras decretadas por vontades de homens. A guerra é, agora, o último recurso e obedece a critérios estabelecidos por um Direito Internacional, assim como à soberania de outros Estados. Por outro lado, e depois de ter invadido o Iraque sem argumentos plausíveis, sustentado só numa possibilidade, tem de fazer no mínimo o mesmo com outro, onde essas armas não só existem, como são ostentadas.
Decorre em Portalegre um evento que nos identifica há já algum tempo: a doçaria conventual. Durante os dias 24,25,26 e 27 de Março, todos os portalegrenses vão ter a oportunidade de saborear aquilo em que ninguém nos bate: os doces.
Tendo em conta a situação subjacente e a crise geral dos portugueses, é, sem dúvida, a altura mais propícia para provar um pão de ló ou uma barriguinha de freira. Pois é um facto a necessidade, cada vez mais urgente, de adocicar a nossa cidade. Já não basta o carácter sômbrio que o tempo lhe confere, quanto mais ainda o mau estar, quase, diário que se vê nas caras dos portalegrenses.
Quando falo em promover a cidade é a isto que me refiro! Não interessa, apenas, a música, a literatura, a Arte, em si, é tão importante a doçaria, quando forma de afirmação do que somos! Quando peço renovação e não restituição, não apelo ao esquecimento das nossas marcas. Os doces, e este tipo em específico, são a nossa cultura! Daí a necessidade de não esquecer ou substituir, perder a tradição é perder a identidade!
Modernizar deve ser um imperativo indelével! Contudo, esse processo não implica desaparecimento do que considerámos, durante a História, nosso. Portalegre precisa de um salto: inolvidável. Mas, além da crítica, é também positivo salientar os indícios de mudança, que começam a ser notórios. No ano passado a Quinta dos Portugueses (conjunto de concertos musicais, onde actuaram, exclusivamente, grupos portugueses, promovido pela Antena3), este ano, no dia 23 de Março, o espectáculo de um dos mais conhecidos cantores de Hip-Hop, Boss Ac; Festival de Jazz; Saraus culturais...acontecimentos que demonstram a vontade de mudar!
Não devemos, nem podemos, ficar confinados ao destino do interior. A recessão é evitável, assim como a estagnação. Temos que incrementar a ambição e não nos contentarmos com a fama de cidade de fim de semana. Não somos só planícies, serras, quintas para férias, somos também vida e movimento. Promover o turismo, mas proporcionar o dia-a-dia, fazendo com que muitos desejem investir, permanecendo cá!
Os presságios associados ao Alentejo (sol, calor, planície- símbolos de morte) não podem sobrepôr-se aos projectos que querem vida e crescimento. Sem dúvida que o facto de haver oportunidades para este tipo de acontecimentos prova como somos, já, preferidos perante uma imensa panóplia de cidades possíveis.
A cultura e tudo o que a enforma deve ser resguardado e conservado. Género caixa de Pandora, mas com carácter positivo, ou seja, tesouro perene, transmissível entre gerações, que quando se abre revela, não os males do Mundo, mas o segredos de uma cidade. Afirmamo-nos através do que somos agora, mas também é preciso não esquecer que também somos o que fomos. Construir um presente, baseando-nos no passado e pensando no futuro.
A aptidão para visão crítica é inata e verdadeira quando não se esgota na censura. É exíguo o acto quando não acompanhado de propostas e de atenção ao que é merecedor de surpresa e de avalo. O que os nossos governantes camarários têm tentado é o passaporte para o crescimento e evolução. Dois acontecimentos que acontecem na mesma altura e ao mesmo tempo que, apesar de míseros, sintetizam a vontade de coadunar o passado e o presente, a História com o desenvolvimento. De guardar a cultura, mas fazer cultura! A receita? A gula de ser maior e melhor!
O desemprego é, hoje, uma pandemia pior que a gripe das aves. A solução não passa pelo seu abatimento, alastra-se com maior rapidez e a solução não parece evidente.
Os países procuram as respostas, mas transparecem a ideia de não as encontrar. É verdade que isto das estratégias económicas é algo de muito complexo, muitas vezes as medidas que, julgamos, agravarem a situação acabam por ter o efeito contrário. Contudo, as políticas que visam, senão o desaparecimento, ( que parece utópico) a diminuição do desemprego, esbarram e debatem-se com os números. As promessas que pretendem sossegar temem em não sair. Instala-se o pânico nas massas e toda gente vive assustada, com a possibilidade de ser mais um na fila do desemprego. A venda dos jornais aumentam e a razão é a busca incessante na parte dos classificados. O que fazer perante este panorama de caos profissional, onde a estabilidade não pertence mais ao conceito de emprego?
O caso mais flagrante é o da França, com isto CPE. Segundo as definições dos meios de comunicação, trata-se de um contrato de primeiro emprego, que permite às empresas despedir , nos dois primeiros anos, os empregados com idade inferior a 26 anos, sem justificação plausível. Villepin pretendia com esta media a solução aos motins nos subúrbios de Paris, nos meses de Inverno. Supostamente, o CPE aliviaria as empresas de preocupações com o as deficuldades e impedimentos no despedimento, e faria com que contratassem mais facilmente. Mas parece ter-se precipitado, gerando a revolta dos meses de primavera, agora nos centros urbanos. Paris faz lembrar a França de 68. Com palavras de ordem completamente diferentes às que invcentivavam a população naqueles tempo. O Maio de 68 foi um marco na História, símbolo de liberdade para os jovens de todos os valores tradicionais que os prendiam às gerações anteriores. O Março de 2006 pretende continuidade, ausência de mudança, permanência das políticas que permitiam mais segurança. Mas a análise de todo o desenvolvimento deste projecto não se deve cingir Às repercussões futuras, mas ter subjacente a história dos franceses.
Se fizermos uma viagem ao passado, verificamos que não é inédita esta forma de mostrar discordância. A revolta e o vandalismo parecem ser métodos frequente sempre que não há compatibilidade. As proporções não são, talvez, equiparáveis às do CPE, mas obedeceram a este estado de histerismo. Em 40 anos a política francesa, sobretudo a de direita, foi obrigada a conviver com as manifestações. Foi o caso das manifestações de alunos, pais e professores nas ruas contra o projecto da lei Savary, em Junho de 1984; a reforma de Ferry sobre a escola, em 2005; as manifestações contra o CIP (Contrato de Inserção Social), em 1995, São alguns exemplos que não deixam passar impunes os franceses na sua forma de se fazerem ouvir. De criticar, também, a falta de civismo dos estudantes e movimentos sindicais, que se recusam terminantemente a debater com Villepin.
Com isto não quero retirar legitimidade ou fundamento Às manifestações, mas apenas À forma como estão a ser feitas. Sem dúvida que o CPE é motivo de contestação. Não é admissível que tratem uma geração instruída como autênticos analfabetos, tentando convencer que esta é uma medida de solução. Assim como não é aceitável que um país que se afirma, ainda, como Estado-Providência deixe ao critério das empresas um dos pilares mais importantes de uma sociedade: o emprego. É um facto que o full-time é qualquer coisa em vias de extinção nos dias de hoje, mas não se exagere. É incontestável a ausência de quaisquer garantias. O benefício cinge-se ao lucro das empresas, permitindo-lhes que manipulem os seus trabalhadores em função dos seus interesses. O CPE é uma forma de atrito ao trabalho estável. Sem contar com todas as consequência maiores e mais evidentes ( como a precariedade desses trabalhadores), há-que ter em conta todos os efeitos secundários: a desmotivação geral, de quem começa e de quem está.
Interessante de reparar na imensa vastidão de consequências que o CPE provocou. Conseguiu afectar ao nível interno e externo, e não agradar a ninguém, a não ser ao Presidente Chirac (cuja imagem tem vindo a descer na consideração dos Franceses). Esta medida acaba por afectar, ainda, o futuro político da França. Sakorzy também não sai incólume desta situação. Vive agora preso num paralelismo difícil. A concordância com o CPE, que parece ser consequência da sua ideologia política, acaba por prejudicar a sua imagem. Ou seja, sendo um homem de direita e defendendo a liberalização do Código do Trabalho, terá de concordar com a medida de Villepin, para ser minimamente coerente. Mas isso incentivará e incrementará, certamente, a popularidade do candidato rival, em detrimento da sua.
Preocupações: a França não foi o primeiro, nem vai ser o último país a instalar o caos, com estas medidas vanguardistas com vista ao liberalismo económico. A Alemanha está na mira...mas a fila é comprida!
Iniciou-se, no dia 9 de Março, uma nova era. Tomou posse o novo Presidente da República. O facto de ser oriundo da direita política, mesmo insistindo no seu supra-partidarismo, é um ponto interessante e, quiçá, benéfico para o país. Não só por ser o primeiro Presidente da Republica de direita, pós 25 de Abril, mas, especialmente, pelo facto do Governo ser da ala oposta e a Assembleia da República composta por uma maioria de esquerda. Não é nada de inédito esta oposição de ideologias nos mais altos orgãos de soberania, mas é nova toda a situação envolvente.
Tenho ficado estupefacta, surpreendida, perplexa (insisto em reforçar o estado) com a receptividade de cada uma das partes, sobretudo do Primeiro-Ministro. Chegam a parecer conterrâneos, amigos, apoiantes, velhos companheiros de lutas políticas por objectivos comuns ...Fico contente, mesmo que alerta. O meu lado desconfiado obriga-me a achar suspeito tudo isto! O sorriso de Sócrates parecendo tão contente pela eleição de Cavaco Silva não pode passar impune! Leva-me apensar que toda a cena política construída pelo PS, nas eleições presidenciais, não passou de um estratégia calculista e bem planeada do Secretário-Geral do partido. A escolha de Mário Soares: que à partida, e também à chegada, não era sequer ameaça para o candidato apoiado pela direita; o afastamento de Manuel Alegre, que se percebeu, reunia bem mais consensos e apoios dos portugueses, o que ficou posteriormente, comprovado pelo escurtínio; e a receptividade de Sócrates, leva-me a pensar que também este sabia, lá bem no fundo que Cavaco Silva seria o melhor candidato. Principalmente, porque temos um sistema semi-presidencialista, que exige cooperação entre os diferentes orgãos.
Antes de fundamentar esta conclusão, é preciso diferenciar e clarificar: Cavaco Silva é o mais adequado, não o melhor! Simplesmente, porque também uma eleição política, como tudo aliás, tem que ter critérios subjacentes. Muitos advogam e exaltam a ideia de que um Presidente da República deve reunir uns quantos requesitos. Concordo absolutamente. E, também, não sei até que ponto a obsessão pela economia, o ar pouco simpático ou a incapacidade de comunicar de Cavaco Silva chegam para os preencher. No entanto, e mesmo assumindo como absolutos, necessários e irrefutáveis esses requesitos, defendo que o modelo para a presidência tem de ser volátil, porque mutável é a sociedade. As características, necessidades e respostas que Portugal precisa e precisará, não estagnaram e não são estáticas. É a esta mutação que qualquer eleição deve estar associada.
Cavaco Silva não será o Presidente perfeito, estará, muito provavelmente, aquém do que foi Sampaio ou Mário Soares, nos seus tempos áureos, mas é o Presidente que Portugal precisa. É sob o ponto de vista dos possíveis resultados a curto prazo, o mais eficaz. Antes da externa, que não deve ser preterida, a preocupação primordial deve ser ao nível interno. Mesmo que reduzido no âmbito activo e de execução, pelas limitações que a Constituição lhe impõe é a pessoa certa e que, se bem sucedido, na aliança com o Primeiro-Ministro, pode motivar e incrementar o andamento, lento, que Portugal leva. É uma pessoa, aparentemente , activa, empreendedora, interventiva e com iniciativa, corresponde ao que Sócrates tem tentado instaurar.
Não acredito numa co-habitação pacifica, porque antes da isenção que lhes é exigida são pessoas, têm opiniões e ideias opostas e isso faz com que sejam falíveis. As querelas vãos ser muitas...Mas quem sabe se não é desta fricções que sai a solução mágica, pelo menos, para substituir-mos a tanga pelos calções? Confio no auxílio e na ajuda, nas conselhos e na aceitação dos mesmos. É preciso lembrar que em qualquer altura , mas sobretudo nesta, as promessas de uma cooperação estratégica e a interacção não se podem cingir aos discursos simpáticos e de conveniência inicial.
Relativamente ao sistema , que é o que proporciona a boa aliança com os dois protagonistas da cena política, impõe decisões pactícias para que seja possível a produtividade. Pois, o Presidente precisa do Governo e vice-versa!
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