Segunda-feira, 26 de Junho de 2006

Timor na corda bamba!

Nos últimos dias temos sido presenteados com imagens, deveras, chocantes! Não querendo ser drástica, penso que se aproxima a queda de um regime que ajudamos a construir. Muitos advogam a previsibilidade de tais acontecimentos, segundo os mesmos é comum em países cuja liberdade ainda é valor recente; outros a debilidade das instituições políticas e orgãos de soberania; os mais equânimes, a incapacidade dos dirigentes; é um facto que não é verdade assegurada a República num país, durante tanto tempo, submetido ao monopólio de outro contíguo; também é verosímil que a vontade e a preserverança são exíguas para a consolidação dos valores que devem reger um país; Mas mesmo aceitando todos estes pressupostos, não deixo de sentir uma profunda tristeza com o clima de guerra civil que se vive em Timor.

Quanto a mim, e permitam-me opinar mesmo que sustentada unicamente numa vasta ignorância, a responsabilidade não é exclusiva das forças internas. É fungível e alastra-se, especialmente, aqueles que tornaram possível a concretização do que durante décadas foi uma quimera, a independência de Timor. Mais uma vez é notória a movimentação e intervenção subjugada aos interesses. Concomitantemente à democracia infantil, existem uma panóplia de pressões que não permitem que a anterior cresça. A relevância desta opinião pode ser nenhuma quando fundamentada, somente, na acuidade e leitura, mas mesmo assim ouso expô-la. Algo me diz que esta revolta militar não se deve, só, ao descontentamento com o Governo…Alimentada, quem sabe, por interesses de países congéneres cujas aspirações se sobrepõem À harmonia do país. Entre muitas outras mais-valias, o petróleo parece-me ser um aliciante que atrai o investimento, mas, ainda, a tentativa de controle. E ao contrário do que Alkatiri afirmou, esta pretensão a manipulação não se circunscreve À Indonésia…

Desconfio, e agora é a maldade ou visibilidade a falar, da indulgência das grandes potências na ajuda garantida e por tempo indefinido. Convenhamos que, para países como a Austrália, por detrás de uma grande ajuda está sempre uma grande ambição! A fragilidade do país será um meio mais fácil de garantir a dependência de Timor a outros e, consequentemente, a facilidade de exploração do mesmo.

Claro que com isto, não pretendo desculpabilizar ou ilibar os dirigentes políticos timorenses. Com excepção de Xanana Gusmão, e tendo em conta o sistema subjacente, está a fazer tanto quanto pode na medida das suas competências. De salientar ainda, o facto de saber usufruir da imagem humanitária que construiu e proximidade com o seu povo, factores que aproveita para tranquilizar os ânimos e credibilizar a democracia. Quanto aos restantes, o protagonismo vai para Alkatiri, primeiro-ministro, Luís Lobato, ministro do interior, e Ramos-Horta, que além das restantes acumula a pasta da defesa. Quanto a mim, só o que têm feito é agudizar a instabilidade tanto da população, como dos que principiaram tudo isto. Alkatiri, e mesmo valorizando a persistência e devida resistência (pois nestas alturas a pior decisão é sucumbir às exigências), perde em tudo: na imagem que transparece, de chefe de Governo arrogante e prepotente, indisponível para os conselhos ou diálogo; na ineficácia das suas acções; no fugir de responsabilidades, delegando culpas; Todas estas condições adicionadas à conspurcação de que é acusado, fizeram dele um indivíduo ignóbil e de maneira alguma susceptível de alguma possibilidade de continuar no cargo. Aliás, situação esta, entretanto, demarcada por Xanana Gusmão, na carta que lhe enviou ontem. Já Ramos-Horta é bem mais discreto e inteligente. Confesso, desde já, que qualquer opinião que possa tecer a respeito de tal pessoa vai estar sempre condicionada pela desilusão com uma entrevista sua, acerca da ONU. A presunção e vaidade que demonstrou revelaram um homem que não ambiciona a paz, mas o prestígio e o reconhecimento pessoal. Calculista, parece-me não ser idóneo para as pastas que acumula. Não perdeu, enquanto pode, oportunidades para acusar o companheiro de Governo. Pior que a ausência de modéstia, só mesmo a insídia!

Quanto ao resto é indiscutível que o ambiente de confusão e balbúrdia não vai conhecer o fim tão depressa. O que não deixa de ser nefasto, pois além da desacreditação galopante das instituições, o país vai cavando o buraco do retardamento e subdesenvolvimento

publicado por portalegreeomundo às 10:38
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Quarta-feira, 7 de Junho de 2006

Rock in Rio: o indício da mudança?

 

É bom constatar que, ainda, existem propósitos humanistas e optimistas. Mas, melhor ainda é vivê-los de perto! Lisboa abriu as portas a um dos maiores eventos do Mundo. Repare-se que não o circunscrevi à designação de “festival musical”, na medida em que se situa num plano muito para lá do horizonte da música. Apesar da evidente atracção que os grandes ícones da música nacional e internacional despoletaram, seria injusto se o associássemos somente a este aspecto. Rock in Rio tem uma conotação Moral e Ética! Não se restringe à euforia da multidão, louca por uma música com a qual se identifica, transcende este sentimento! Porque trespassa valores, ideais e esperança, de que a Humanidade está ávida.

Quando entramos parece que integramos uma qualquer utopia, onde a harmonia, paz e o bem-estar imperam. Mas mesmo assim, e apesar desse conforto que proporciona, é um facto que não nos permite esquecer da realidade que nos rodeia. Ao contrário de muitos outros eventos ou festivais, o objectivo aqui não é isolado ou único. O intuito não é a fuga à conduta dita normal, propiciada por um estado de loucura. Este evento, que já adquiriu uma responsabilidade social, desperta-nos para o que nos envolve, consciencializa-nos de quem somos e do que nos tornamos, envergonha-nos lembrando as atrocidades da História, descaracteriza-nos como seres dotados de razão, fazendo do Homem um ser absolutamente ignóbil…Não pretende que nos confinemos, durante os dias em que decorre, À sua redoma, pelo contrário obriga-nos a um confronto com a Existência. Afinal de contas as imagens horrendas que passam no ecrã gigante não traduzem acontecimentos de uma época presa no tempo e no espaço. Aquelas imagens são sintomáticas de uma História recheada de tantas outras simétricas. Os motivos nefastos, as necessidades frívolas e razões nocivas que corporizaram estes acontecimentos não sucumbiram com o desaparecimento dos seus mentores. Ameaçam imortalizar-se por mais 2000 anos (caso o Homem dure tanto). Inspiram gerações vindouras, alimenta o ódio que, noutros tempos, exterminou, maltratou e aniquilou. A guerra no Iraque, os litígios Irão/Ocidente, as manifestações violentas nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos não são mais do que cópias de uma Guerra Fria, Revoluções e guerras civis de outras alturas. Falo no plural porque a culpa não é fungível mas extensível a todos os que fazem parte desta espécie: os que cometeram, os que esqueceram, os que ignoraram e os que desistiram.

Como já tinha reparado Platão, a Humanidade está doente e sedenta de uma filosofia sage, capaz de reeducar. Não há espaço para a censura quando a História é cíclica e sucessiva.

Rock in Rio obriga-nos, por isso, a um estado de espírito ambivalente, cheio de sentimentos paradoxais: força e desilusão; garra e desistência; preserverança e desespero; alegria e tristeza; Sobrepõe-se a esperança. Não o sebastianismo pessimista, mas a esperança Pessoana de um novo Império assente na Moralidade e Humanidade mais límpidas, equitativas e transparentes.

Claro que para resultar na perfeição, só mesmo o conúbio mensagem/música. Parafraseando Nietzshe, é a musica que melhor identifica e caracteriza o ser. Obriga-nos a uma dicotomia, aparentemente impossível, razão e sentimentos.

Quem sabe se o rock in rio não é já um sinal dessa filosofia?


publicado por portalegreeomundo às 15:24
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