Quinta-feira, 28 de Dezembro de 2006

O Natal devia ser todos os dias!

A consonância entre períodos específicos e condutas especiais é cada vez mais flagrante e evidente. O Natal não é só excepção, como ainda é o momento mais frutífero na produção de alterações indubitáveis na maneira de estar, de ver e de sentir geral.

Tristemente a Solidariedade, o Amor, União, Paz, Família são valores tangíveis somente na época natalícia, funestamente considerados e assumidos como quimera fora dela. A vontade de os protelar, exortar e disseminar é igualmente inusitada, visível agora, nos dias que se aproximam do fim de uma período.

O momento primordial que se exaltou como incipiente de um começo, o nascimento de Cristo, é anualmente comemorado numa tentativa audaz de não permitir que seja proscrito, sem dúvida valorizável. Se existe alguma coisa que sustenta a esperança, ainda que seja de uma minoria, é o apego às certezas religiosas. Mas se o acto de preservar o momento é de vangloriar, o acto de ostracizar tudo o que é imanente ao seu protagonista é reprovável. Não vou ser subtil, a verdade é que não esquecemos, antes ignoramos as primárias lições de quem, ainda, preconiza o ideal de Bem.

Apesar de subscrever a censura comum ao materialismo, tão rebatida na época presente, decidi enveredar por caminhos atípicos, cujo resultado é análogo: a desilusão propiciada pela consciência de que a situação que explicarei é desprezada ou nem sequer reconhecida pela maioria. Refiro-me à efemeridade destes estados de alma. É inegavelmente satisfatório constatar como a harmonia e a tranquilidade são indissociáveis à grande parte das faces. Sendo, portanto, preocupação não a inexistência da felicidade, porque existe, mas a sua ínfima duração. Como é incrível a mutação que a transição de um dia para o outro implica. A calma e esperança, o ímpeto de mudar só dura o tempo do antecedente e o durante de dois dias, inexplicavelmente o 26 de Dezembro é o imediato retorno à rotina, ao sorriso soturno e olhar lúgubre.

Quanto a mim o problema não reside no que se apregoa como irrefutável, o Natal não está reduzido ao consumismo compulsivo, ao materialismo da oferta, à preocupação de dar esperando o inerente que o seu antónimo impinge. As pessoas, mesmo não parecendo, ainda sentem principalmente o que de emocional e emotivo está conectado ao Natal. A qualidade do simbolismo Natalício não pereceu, conserva-se a sua pureza e clareza porque ainda representa o que o caracteriza.  O confrangedor e pernicioso é a duração irrisória da presença desses princípios, circunscritos e confinados a uma época tão diminuta comparativamente a um ano. São perguntas certamente retóricas e indiscutivelmente revestidas de ingenuidade, mas enfim: Será tão difícil insistir na relevância do alheio e do outro? Será assim tão complicado fazer da dicotomia Mundo Concreto(matéria) e Inteligível(Ideias) conúbio? Será consideravelmente doloroso relegar o egoísmo e narcisismo e substituí-los por imperativos categóricos que reclamem a essência do ser humano, a convivência em lugar da coabitação salubre?

Não existem pretextos, subterfúgios ou argumentos plausíveis que justifiquem ou desculpem o carácter anualmente perecível do conteúdo do Natal!

 É deveras nefasto que os horizontes individuais sejam uniformes com os da Humanidade somente quando o hábito que remonta os primórdios para os católicos, festejar o Natal, se aproxima.

É horrendo que nos lembremos que a pobreza é um flagelo mundial apenas quando as imagens de crianças sem prendas é diário na televisão.

É um opróbrio à essência do próprio catolicismo cingir-mos o seus valores aos seus momentos festivos.

Todavia é paradoxalmente comovente  e indizível reparar como tudo mudo drástica e substancialmente. As pessoas, os lugares, as ruas...e consequentemente as relações, as cidades e os locais. A indulgência e benevolência imperam, tornando-se o revestimento de qualquer rosto que valorize o contexto, mesmo os ímpios. O particular e o geral adquirem uma vida insigne, desposada da inanidade do ano. Regozijo-me sem motivos, pois a clarividência logo se insurge, pela consciência de que as necessidades do Mundo não se compadecem de intuitos, promessas e vontades temporárias. É premente estender à infinidade do tempo a plenitude da festividade.

O Natal impele a constatações beligerantes: o oneroso da superficialidade e futilidade; mas também a substituição do desânimo pela luminosidade, efervescência sentimental e limpidez espiritual.

Peroro, confessando a minha tríade interna: pueril, pela pressa na passagem do tempo, pelo anseio indomável que o dia chegue e com ele a poltrona familiar que é a noite natalícia; imberbe, porque não sucumbo ao fantástico do momento e não resisto a pugnar contra a mais sintomas da decrepitude e conformismo do ser humano; adulta, porque contundente à passagem do momento e dos dias que o precedem, receando que a seguir provenha o retomar, contrariado apenas no próximo ano.

A anátema não é a maior ou pior das consequências do menosprezo ao sentido Natalício, mas sim a solidão e progressivo isolamento se mantivermos esta anomia de valores durante o ano.


publicado por portalegreeomundo às 20:32
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Sexta-feira, 15 de Dezembro de 2006

Portalegre tão longe e tão perto!

 

 

Depois de dissertações pungentes, recheadas de parcialidade e pessoalidade, elaboro outra exegese, igualmente lancinante, onde a única diferença é a aparição da racionalidade proporcionada pela existência de uma temo de comparação. Falo da minha terra, mas comparo-a com outra que, agora, é a minha!

Fazendo uma viagem pelas divagações públicas a que me dão direito, reparo que as paragens deveram-se a estados anímicos bem díspares que se consubstanciaram numa sensação inextricável: a de pertença a Portalegre! Primeiramente, surgiu a consciência e confissão da identidade própria indissociável da cidade; entretanto a verbalização de um saudosismo precoce proporcionado pela aproximação da ausência e distância diária a Portalegre; agora a análise aos meus sentidos, que apesar de duvidosa porque de forma alguma equânime, crível. Já me consinto fazê-lo porque não estará adulterada pelo medo do início, mas sim consolidada pela passagem do tempo.  

Assumo: tu e ela são incomensuravelmente antitéticas! Lisboa e Portalegre: são um antagonismo físico reiterado por assimetrias sociais flagrantes. A discrepância entre as duas é representativo de um conflito interno difícil de solucionar. Uma bipolarização citadina fungível a uma ambivalência interior.

Portalegre está cada vez mais longe e igualmente perto. Distante dos sonhos, ou melhor, da sua concretização. Próxima do que me preenche, do que me invade e repõe a minha essência. No fundo e na verdade do que faz de mim um ser. Redimo-me antecipadamente pela presunção da assunção, mas teimo em contrariar Décartes, não existo porque penso mas porque sinto. Inalienável a esta premissa é ser inteiramente quando aqui estou. Ainda és o fosso onde nos esquecemos do Mundo e só nos lembramos da Humanidade. Sou mais Pessoa em Portalegre.

Não te quero perder, mas insisto em desconsiderar-te. As instâncias que me ligam ao materialismo exterior e impõem a necessidade de ter, quanto mais não seja de uma profissão idónea, ostracizam-te. Sinto-me uma autêntica parricida que aniquila a progenitora. Convivo com uma nostalgia diária onde se insurgem os sinais dos teus traços: o ar gélido que nos congela o corpo mas aquece a alma por sentir-mos que se entranha uma réstia da Natureza sincera que subsiste; o verde da Serra que é um elixir da vida, uma promessa de que a perfeição não é quimera e é passível de apreensão; o cheiro do velho, do antigo, do rústico das tuas muralhas, castelo e igrejas que relembram, a quem se deixa esquecer, que somos História, um legado para seres vindouros;

Lisboa é a correria, a incursão angustiante de horários que não existem porque o tempo se limita a passar sem parar. Lisboa,  o espelho primordial do lusitano, é o movimento promíscuo de corpos e passagem célere de transportes, ou seja, pessoas que se confundem com objectos porque se circunscrevem ao que caracteriza as últimas. Pessoas que o são, meramente, por características físicas inseparáveis ao Homem, e não por sintomas de um humano. Não falam, não olham, não param nem reparam, sinceramente acho que não pensam nem sentem, restringem-se à acção ou execução. Lisboa é o paroxismo da automatização. Aquele ar é sujo pela poluição sentimental que paira na comunidade onde a noção de unidade não existe. A pureza é uma miragem. Extirparam a primeira condição de ser, conviver! Adjudicaram a alma ao diabo, porque vendem frivolamente a suas vidas à rotina desenfreada e à aspiração de cumprir, de chegar, de sair, de voltar... Latente está a sensação de irem e voltarem de um local, mas nunca pararem em algum sitio. De procurarem e tentarem encontrar um espaço, e funestamente se acomodarem ao hábito de nunca o alcançarem. A explicação reside no sofisma de que se alimentam: procurar sem perseguir o que perderam há muito, a consciência do que são e do que se tornaram. O tempo e a obsessão em controlá-lo ,mesmo que para isso se prescinda de valores que deviam ser imperórios à sociabilidade, são paliativos da sua existência e humanismo. Ébrios pelo cumprimento da agenda quotidiana esquecem-se que a certeza só existe agora, o amanhã é vago, o passado nem perene na memória!  Assim, em Lisboa sinto-me terrivelmente mais perto da condição de ter em detrimento do ser.

Esta amálgama de sensações remete-me para uma certeza: tu já és, Lisboa terá de ser! Encontrei-me aqui ainda não me conquistei lá! Lisboa ainda é uma apriorismo débil sustentado, apenas, pela inanidade da imaginação. Portalegre já é empirismo, porque aqui já fiz e já sou. Não é uma projecção, é realização. Não é crepúsculo, mas definitivamente refulgência.

Não obstante à aparente tristeza legitimamente associada ao texto, a verdade é que refuto o carácter negativo que Cesário Verde ou outros imputam à capital. A rejeição da sua conduta não se deve à inadaptação, mas antes á insistência de querer conservar e perpetuar o que para mim é primário: ser!, ainda que numa cidade que dificulta estabilidade desta sensação.

O maniqueísmo a que vos confino – Lisboa e Portalegre – fundamenta-se tão somente numa dualidade intrínseca ao Homem: os momentos em que é, e os restantes em que procura ser porque muda!

Tanta retórica, por um lado, para demonstrar que quando reivindico e te reclamo por mudança incessante é porque o crescimento é seu corolário. Por outro e concomitantemente, para prescrever definitivamente aos que acolhes que não és obsoleta, retrógrada ou indubitavelmente pior. Como vês preconizas o que, de uma forma nefasta, se proscreve progressivamente: a existência e o humanismo. Não deturpes as críticas mordazes, não são sintomáticas da aversão ou repúdio, antes de uma vontade inefável que te emancipes.  No fundo anseio para ti, o que para mim diligencio!


publicado por portalegreeomundo às 23:23
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A informação: crepúsculo ou decisão, cabe a quem deve, decidir!

 

Portalegre mais plural, é o que me ocorre dizer. Um novo jornal surge e a cidade logra com isso. Só no âmbito local são três os jornais. Para lá do receio de inexistência de público para o seu escoamento, o que subsiste é a certeza inexorável de melhorar-mos com o alargamento dos media locais. Este é mais um acontecimento que não se circunscreve ao campo noticioso, podendo ser um pólo para a mudança. Acima de tudo, poderá ser uma fonte de consciencialização do papel preponderante dos meios de comunicação na cidade e no público.

A contemporaneidade exaltou os meios de comunicação como servidores das massas e é deveras premente perceber o alcance deste título. A influência que detêm na comunidade que mais directamente afectam obriga à imperatividade de integridade e probidade moral.

Mais um jornal implica diversidade e assim democraticidade, tanto para os que criam a informação como para os que a recebem. A multiplicidade agudiza a necessidade de profissionalização, pelo medo de se ser preterido. A situação é portanto benéfica para todos os atingidos pela influência da imprensa. Aqui pugna-se, novamente, a estagnação, uma vez que a competitividade exige o aperfeiçoamento dos enraizados e dos que procuram efectivizar-se.

No que diz respeito aos restantes jornais, primeiros a sofrerem as represálias deste nascimento, há que ver para lá da rivalidade inalienável. Anteriormente a escolha era dúbia, agora ramifica-se, o que impõe novos patamares de exigência. Maior concorrência impinge mais dedicação. O público que antes, estava assegurado porque bipolarizado, tem de ser reconquistado. A postura até podia ser esta até então, mas mais um jornal só exorta a sua continuidade. A vontade terá de ser sempre de se superarem, mesmo já sendo estandartes da bandeira de Portalegre. As reacções do público terão de ser vistas como um sinal indicador do comportamento a seguir posteriormente. A continuidade e permanência deste será um factor de prestígio e de orgulho para o jornal. Pois a fidelidade advém de uma escolha determinada, e não de uma ausência de alternativas. Porém será igualmente imperório não nos ludibriarmos pelo elogio subentendido, depreendendo as exigências que isto implica. Ousar, inovar e melhorar para alcançar outros alvos não desprezando os atingidos e mantidos, tem de ser o propósito. Se porventura, o comportamento for o antitéctico, ou seja, abdicar deste jornal em prol de um outro, as ambições terão de limiar a intrepidez e determinação. Perseverança no desejo de arrepiar caminho para alcançar a meta: evolução, fazendo as devidas reformulações e revisões. Não se conformando ou resignando perante a condição de rejeitado. A  renúncia dos leitores é a crítica à prestação e sintoma da sua insatisfação, que não pode ser ignorada.

Quanto à cidade, o incremento da imprensa só vem acompanhar a dinâmica desta. A informação é a mola para o conhecimento e por conseguinte para o crescimento. A cidade só tem que acolher os seus prodígios apoiando equilibradamente e não ostracizando nenhum. A cidade é a partir de agora um espaço maior porque mais plural. Portalegre passa a ser vista por outros olhos, disponibilizando diversidade de prismas. As críticas, elogios e análises são representações da cidade, que quando comparadas e conciliadas podem fornecer sugestões canalizáveis a mudanças urgentes.

Por último o público, que não fica de forma alguma excluído dos apanágios deste alargamento comunicacional. A sua atitude perante cada um dos jornais pressupõe a enunciação de uma opinião. A escolha de um em lugar de outro será sintomático de uma crítica assimétrica, ou seja, de elogio ou de condenação. Para os portalegrenses é inteiramente proveitoso, pois as vias para o alargamento de horizontes são variadas a partir de agora. Aliado a este aumento vêm outras perspectivas, vozes e comentários facultando ópticas díspares.

A competição deve ser encarada como factor susceptível de incentivar à garra de progredir. Bem mais gratificante que a segurança proporcionada pela carência de concorrentes, é a escolha motivada unicamente pela preferência.

Esta é ,assim, altura idónea para a cogitação e reflexão do “ethos” jornalístico. É o “Quarto Poder” tendo como tal obrigações para com os que lhe compete servir: o público. A finalidade não deve ser influenciar em prol de instituições, grupos ou personalidades que lhes convenham, mas vasculhar, procurar e construir a verdade. É deveras preponderante que as redes noticiosas portalegrenses, que agora são mais, não se menosprezem e se limitem à influência regional. Aliás, a informação, porque maioritariamente distrital, pode ser mais personalizada e por conseguinte afectar directamente quem deve. Um jornal não deve ser um espaço aberto ao sensacionalismo, polémica e controvérsia. Deve ser prioritariamente um meio fiável e frutífero, mesmo que em dualidade com a subjectividade da profissão. Espero que a variedade seja um contributo À actividade e produtividade jornalística com conteúdo, profícuo! Um combatente hostil à apatia mental e um adubo À fertilidade do intelecto de todos.  


publicado por portalegreeomundo às 23:22
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O ensino e as contingências conjunturais do presente!

 

 

As greves sucessivas, realizadas por professores e alunos, reclamam um olhar circunspecto relativamente ao ensino. Os motivos divergem em função da facção, mas detêm um denominador comum: o descontentamento com a política executiva e insatisfação com as medidas subsequentes face à educação. Excluindo o âmbito da verosimilhança das razões que apregoam, o que subsiste é uma situação que começa a ser insustentável. As reivindicações podem até ser plausíveis, mas os meios para conseguir as suas ambições começam a ser prejudiciais, dada a repetição. O efeito directo das greves e faltas recorrentes de uma ou outra parte só agudiza o subdesenvolvimento do ensino português. Portalegre pertenceu à regra. Os seus alunos e professores aderiram à corrente tornando fundamental a exegese ao acontecimento na generalidade, aplicando-se por conseguinte ao local.

Quanto aos professores contestam, no fundo, toda a conjuntura reformista que as políticas imputam. Perante uma panóplia vasta de argumentos, reside a dúvida simbiótica do fundamento ou ausência dele no que pugnam.  É facto inolvidável a injustiça associada a alguns aspectos. Contudo esse alicerce não pode servir para a extrapolação e generalização. Porque é, simultaneamente, um facto indelével a necessidade, mesmo que prejudicial a estes profissionais, de muitas políticas implementadas.

Circunscrevendo-me às represálias gerais, apesar de não desprezar as pessoais, a verdade é que a conduta adoptada, as greves constantes, só vêm guarnecer a precariedade do ensino. Nos últimos tempos tem-se assistido a um facilitismo lancinante e preocupante, cujos professores também são responsáveis. Recentemente e primeiramente, pelas faltas consequentes das greves, memo que esporádicas e pontuais, que só atrasam a matéria. Em segundo lugar e desde a algum tempo, pela cedência ao protótipo do aluno inerte. Não se exige nas devidas proporções, e a equidade virou indulgência exacerbada. Os professores sucumbiram à pressão dos alunos, cuja obsessão é somente passar em lugar de incrementar. O resultado é o estereótipo que dissemina: indivíduos prestes a serem profissionais que não sabem escrever, ler e, pior, pensar!

Quanto aos alunos a situação é igualmente alarmante. Pois, assim como no caso precedente, a culpa não se confina á sua culpabilidade. Carecendo de instâncias intrínsecas que impinjam objectivos e horizontes longínquos, cingem-se ao imediato: o desejo de passar o ano, mesmo com notas insatisfatórias. Desnorteados, disparam para o ar acusações pela falta de rendimento e resultados positivos, chegando ao cúmulo de acusar o professor que pretende de mais. Saciam-se facilmente e a ambição é sempre o suficiente e nunca o sonho do óptimo. O egoísmo e individualismo inalienável a estas gerações pueris, fungível á sociedade no seu todo, está latente na sua forma de conceber a escola e o preceptor. São todos meios para um fim: o seu bem-estar, que pungentemente passa pelo tédio e sedentariedade intelectual. As objecções às aulas de substituição são ilustrativas deste comportamento. Atestam a falta de sentido destas, pela ausência de concretização e/ou desprezo dos seus objectivos. Segundo os alunos, estas aulas, geradas com o intuito de erradicar os feriados, não servem de nada, pois não é dada matéria e os professores que as dão não coincidem com a área do ausente, impossibilitando a realização de tarefas ligadas à matéria. O nefasto da situação exalta-se quando constatamos que o verdadeiro argumento é, sucintamente, a avidez de vadiagem. Não obstante a estas justificações aceitáveis, a verdade é que circundam a inanidade, uma vez que muitos professores conseguem fazer destas aulas proveitosas, contornando as adversidades suscitadas pela ignorância nessa área.

No fundo tudo se resume a uma amálgama de valores. Prolifera uma inconsciência dos papeis e funções respectivas de cada um na sociedade: instituições, profissionais e aprendizes. Esta tendência para o desmazelo obstrui a imperatividade de uma metamorfose radical.

A escola como uma instituição basilar no seio da sociedade, perde valor porque proscreve as suas obrigações. Deveria ser um espaço deveras profícuo dada a consubstanciação de campos que abrange: ensino, educação, cultura, sociabilidade…todavia é uma pólo de obscurantismo, uma vez que alimenta e não combate a postura ignóbil de alguns adolescentes.

É deveras premente recordar que a escola é o primeiro elo de ligação ao exterior. É, acima de tudo, o primeiro momento de socialização, não no sentido de incutir o consenso e contribuir para estandardização, mas de instruir e formar quem no futuro irá imperar. Se não existe uma escola capaz de formar, nunca existirá uma sociedade capaz de mudar.

Portalegre não tendo sido excepção neste momento específico, poderá ser arquétipo no futuro. Tudo depende, exclusivamente, da vontade dos professores e alunos de fazerem destas escolas paradigmas para um país! Finalizo, reiterando. Os primórdios da carestia moral e anomia social são a escola e o ostracismo dos seus fins.


publicado por portalegreeomundo às 23:19
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